Parte 3 - O Movimento Batalha Espiritual

 

O MOVIMENTO “BATALHA ESPIRITUAL” 

“Precisamos nos guardar contra dois perigos extremos. Não podemos tratá-lo com muita leviandade, para não subestimar seus perigos. Por outro lado, também não podemos nos interessar demais por ele.”

2.1 Sua origem

      Na religião, existem várias posições a respeito do assunto de demônios.  Existem aqueles que se mantêm céticos a respeito da crença em demônios e, categoricamente, afirmam que isto é coisa da idade média ou superstição.  O teólogo católico, especialista em demoniologia e parapsicologia, Oscar Quevedo, disse o seguinte sobre o diabo:

Tudo o que foi dito sobre ele está no paganismo... Falar em línguas, ter uma força descomunal e outras atitudes que indicam que alguém está possuído pelo demônio, tudo isso pode ser explicado pela psicologia ou pela parapsicologia.

Existem outros que crêem na existência dos demônios, mas mantêm indiferença a respeito do assunto.

Aqui no Brasil, principalmente, está havendo uma super-valorização deste tema. Na novela global: “suave veneno”, está uma curiosidade: o diabo, personagem vivido pelo autor Aguinaldo Silva. Para vencê-lo, tem o paranormal Uálber, personagem vivido pelo autor Diogo Vilela.

Os autores do trama, apostaram no “carisma” do diabo, no meio brasileiro. Aguinaldo Silva, chegou a dizer o seguinte:   “ No Brasil, as pessoas acreditam que o diabo realmente interfere em nossa vida, mais até do que os santos.”4

 Sim, esta é uma realidade brasileira, o espiritualismo.  No entanto, também nos círculos evangélicos, atravessa-se uma onda de super-valorizão de anjos e demônios.  Estão sendo promovidas reuniões de guerra, libertação, “poder”. Seminários sobre batalha espiritual são comuns.

As livrarias foram invadidas por uma série de livros que tratam deste tema. Livros que têm exercido grande influência no meio evangélico como o de Frank Peretti, Este Mundo Tenebroso ( Ed. Vida).

A esta ênfase dada aos demônios, pelo menos aqui no Brasil, atribuímos a responsabilidade a um pastor norte americano chamado C. Peter Wagner.  Ele é autor de trinta livros e é a atual autoridade no campo de guerra espiritual.  Em seu livro intitulado Oração de Guerra (Ed. Unilit), ele nos conta como foi originado este movimento de guerra espiritual.

Peter Wagner é representante do Movimento de Crescimento da Igreja, fundado por Donald MacGavran, em 1955.  Em 1980 começou a interessar-se sobre as dimensões espirituais do crescimento eclesiástico. Em 1989, percebeu que o evangelismo funciona melhor quando é realizado através de oração e que Deus tem dotado certos indivíduos que se mostram incomumente poderosos no ministério da intercessão.

Pensando sobre a idéia de como conciliar evangelismo e intercessão, Peter Wagner reuniu um grupo de cinqüenta intercessores para orarem em um hotel, localizado em frente do local onde seria o segundo congresso de Lausanne.

Durante esta intercessão, Peter Wagner diz que recebeu de Deus o que denominou de “parábola viva”.  Ele deu esse nome a um acontecimento durante a intercessão. Uma das intercessoras, Juana Francisco, foi acometida de uma crise asmática, rapidamente levaram-na às pressas para o hospital.  Esperando a recuperação da amiga no hospital, outras duas intercessoras, Mary Lance e Cidy Jacobs, tiveram uma mensagem que logo identificaram como sendo de Deus.  Juana Francisco havia sido atacada por um espírito da macumba.  Recebendo a revelação, as duas intercessoras fizeram uma oração quebrando o poder do demônio enquanto, no mesmo momento, Bill Bright, estava com a enferma orando em prol da cura. O que aconteceu foi que no mesmo momento a mulher ficou boa.

Peter Wagner interpretou este episódio como sendo uma lição de Deus ao Seu povo.  A partir daí ele tomou para si os seguintes princípios: (1) A evangelização do mundo é uma questão de vida ou morte; (2) A chave para a evangelização do mundo consiste em ouvirmos a Deus e obedecermos àquilo que tivermos ouvido. “Elas sabiam que Deus queria que a  maldição fosse anulada, pelo que entraram em ação”5 (3) Deus usará a totalidade do corpo de Cristo para completar a tarefa da evangelização do mundo.;

Naquela mesma conferência de Lausanne, em Manila, foram abordados os temas de espíritos territoriais e da intercessão espiritual em nível estratégico.

O interesse sobre o assunto cresceu e foi organizado um grupo de pessoas que se interessavam por guerra espiritual.  Peter Wagner tornou-se o líder deste grupo que posteriormente foi denominado de “Rede de Guerra Espiritual”.  Entre os  membros deste grupo podemos mencionar Larry Lea, John Dawson, Cindy Jacobs e Edgardo Silvoso.

2.2.       Seus ensinos

2.2.1. Duas forças contrárias: Deus X Diabo 

O termo “dualismo” é uma transliteração da palavra latina “dualis” , que quer dizer aquilo que contém dois.  Esta expressão foi cunhada para transmitir a idéia do Zoroastrismo, que é a crença em um poder bom, chamado Ormazd, e um poder mal, chamado Ahriman.  Neste sistema, acredita-se que existem duas forças opostas: a boa e a má.  Estes poderes estão sempre em conflito entre si, podendo resultar em vitórias temporárias, de um lado ou de outro.  Apesar destas vitórias, nunca nenhum dos dois deixarão de existir.

Agora que sabemos o que é dualismo, vejamos algumas declarações

“Estamos em guerra! É a guerra de todas as guerras... a grande batalha espiritual entre Deus e o diabo no campo de batalha de nossas almas, com a eternidade toda pendendo na balança.”6

 

e também :

 “Pai celestial, eu me ajoelho em adoração e louvor diante de ti. Eu me cubro com sangue do Senhor Jesus Cristo para me proteger durante este período de oração.

Eu me submeto a ti completamente e sem reservas em todos os setores de minha vida. Eu tomo posição contra toda operação de Satanás que possa me impedir neste período de oração e me dirijo exclusivamente ao Deus vivo e verdadeiro, recusando-me a qualquer envolvimento com Satanás em minha oração.” 7

 

Ainda podemos citar esta:

“Quando Satanás e suas tropas interferem com a obra de Deus na terra, então você sabe que é hora de entrar em ação. A guerra espiritual está rugindo em um nível cósmico. E talvez você seja convocado para participar da mesma.” 8

 

Diante de tais citações podemos pensar que elas vem da boca de adeptos do Zoroastrismo ou de alguém que prega as idéias do Yin e Yang, do Neo-confucionismo ou do Taoísmo.  No entanto, quem pensa isso está redondamente enganado, estas declarações vêm da boca de pregadores cristãos propagadores do Movimento de Batalha Espiritual.

Quando começamos a estudar sobre “batalha espiritual”, o ensino com que logo nos  deparamos é o de que existem duas forças- ainda que não iguais em poder- lutando entre si para ganhar a posse das almas dos mortais.

Embora entre os pregadores do Movimento de Batalha Espiritual se negue o dualismo em seus ensinos,  podemos ver a realidade da doutrina dualista de Deus X diabo, entre declarações como vimos a cima.

No cristianismo não existe lugar para o dualismo, ou o cristão crê que Deus é soberano sobre todas as coisas- e isso inclui a natureza, o coração humano, os governos e o diabo- ou vive em angústia temendo o demônio. 

2.2.2 Espíritos Territoriais

De acordo com o ensino do Movimento de Batalha Espiritual, o Diabo designou um demônio, ou vários deles, para controlarem cidades, regiões e países. O objetivo destes “governantes espirituais” seria impedir a glorificação de Deus em seus respectivos territórios.

C. Peter Wagner diz em seu livro Oração de guerra:

“As estruturas sociais não são, por si mesmas, demoníacas, embora possam ser e com freqüência sejam endemoninhadas por alguma personalidade demoníaca extremamente perniciosa e dominante, às quais tenho chamado de espíritos territoriais”,e“Grande parte do antigo Testamento alicerça-se sobre a suposição que os seres espirituais sobrenaturais exercem domínio sobre esferas geopolíticas.” 9

Dr. Neuza Itioka em seu livro A Igreja e a Batalha espiritual, diz:

“Estes poderes (principados e potestades) exercem controle não apenas sobre vidas, mas também estruturas sociais, eclesiásticas e políticas de comarcas, cidades e regiões geográficas... Quando analisamos determinadas estruturas sociais ou econômicos, o que podemos concluir? O sistema social e econômico injusto que o Brasil vive, não estaria ligado com o principado e a potestade do escravagismo que ainda se perpetua, estendendo os seus tentáculos para aprisionar a nossa sociedade?...Atrás da incapacidade dos governantesarrumarem a casa, contornarem a economia e estabelecerem justiça o que podemos discernir? Apenas o espírito corrupto dos governantes? Apenas o espírito sem escrúpulo dos que estão sem poder? Não estariam eles ligados a algo mais?”.

 

Neuza Itioka também disse o seguinte em um curso sobre Batalha Espiritual:

“A nossa luta deve se dirigir  mais e mais contra os grandes príncipes demoníacos das regiões, nações e cidades.

São eles que presidem a corrupção e fraude, por exemplo, perpetuam um estilo de vida e comportamento por trás da repartição pública, do marajá que preside a corrupção da orfandade; do aborto; perpetua a violência; a miséria; a pobreza; a sensualidade e a perversidade, que originam a morte e o suicídio.” 11

 

Ainda argumentando sobre os Espíritos Territoriais, o Movimento de Batalha Espiritual cita alguns textos bíblicos para fundamentar sua idéia.  Os mais comuns são: Dn 10:13,20; 12; Mt 4:8,9; Mc 5:10; Ef 6:12.

 

2.2.2.1. “Espíritos territoriais” à luz das Escrituras

 

Nossa preocupação é analisar o que nos tem sido pregado. Já que tomamos as Escrituras como única autoridade de fé e prática, queremos invocar o seu testemunho à respeito de tal ensino.

Por isso queremos analisar os textos bíblicos que, supostamente,  falam do assunto,  intencionando chegar a uma conclusão bíblica.

O texto mais usado para defender a idéia de territorialidade de espíritos é Dn 10:13 e 20:

“Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias: porém Miguel, um dos príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”

“e ele disse: Sabes porque eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.”

 

O que este texto quer dizer ao referir-se ao príncipe da Pérsia e príncipe da Grécia? Não poderíamos chegar a outra conclusão além da que estes eram espíritos angelicais que atuavam nos reinos da Pérsia e Grécia.

Halley diz em seu livro “Manual Bíblico”:

“Deus levantou o véu e mostrou a Daniel algumas realidades do mundo invisível- a prossecução de conflitos entre inteligências super-humanas, boas e más, num esforço por controlar os movimentos das nações, algumas das quais procurando proteger o povo de Deus. Miguel era o anjo guardião de Israel, vv. 13,21. Outro anjo, anônimo, falou com Daniel. A Grécia tinha seu anjo, v. 20; e igualmente a Pérsia, vv. 13, 20. Parece que Deus mostrava a Daniel alguns de Seus agentes secretos em operação para levar a efeito a volta de Israel.” 12.

 

Baldiwin em seu livro “Daniel: Introdução e Comentário”, diz o seguinte: “Pensa-se aqui num representante da Pérsia nas regiões celestiais; a Grécia igualmente tem um correlativo angélico (20), e Miguel, um dos primeiros príncipes, pertence a Israel.” 13.

Caio Fábio em seu livro “Batalha Espiritual”, também faz um comentário sobre este texto:

“...as manifestações espirituais se relacionavam com o mundo visível e suas expressões políticas... O princípio que fica é este. Por mais estranho que isso possa parecer a algumas mentes teológicas sofisticadas, a Bíblia é clara quanto à atuação dos principados e potestades no seio da história, agindo sobre nações, de maneira tão íntima, tão intrínseca que a Bíblia os especifica, referindo-se à área de atuação deles, como o príncipe da Nações.” 14.

 

Dr. Russell Shedd também tem algo a nos falar sobre isso em seu comentário na Bíblia Shedd: “O príncipe do reino da Pérsia. O poder espiritual satânico manifesto através do culto pagão dos persas.” 15

 

Portanto, creio que este texto, realmente, fala de espíritos malignos que influenciam um sistema social.

Um outro texto que se usa para apoiar a idéia de territorialidade espiritual é Mt 4:8,9 diz:

 

“Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”.

 

Parece, aqui, que Satanás estava reclamando um domínio sobre o mundo, o qual Jesus não questionou. Neste texto, podemos ver que Satanás exerce de influência sobre os reinos do mundo (planeta Terra), através da ordem má das coisas.  No entanto, não encontramos explícita no texto a idéia de que cada nação tem o seu espírito maligno.

Outro texto que, casualmente, podemos enxergar o pensamento de Espíritos Territoriais é Mc 5:10:

 

“E rogou-lhes encarecidamente que os não mandasse para fora do país.”

 

Observando este texto, a pergunta que nos salta à mente é: o que eles quiseram dizer com “fora do país”?  A palavra no original grego é “cwraV” que significa “região”. Este problema pode ser selecionado com o texto correspondente, Lc 8:31: “Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo”.

Não se trata, aqui, de territorialismo de demônios, mas, sim, que os demônios não queriam ir para o abismo, mas ficar nesta região, ou seja, nesta esfera espiritual.

Um  outro texto bem conhecido é Ef 6:12:  

“porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.”

O apóstolo Paulo fala de quatro expressões que podemos estar destacando: (1) Principados e potestades- aqui inferindo a uma hierarquia espiritual ( gr.: a(rxa)j e e)zousi)as ); (2) Príncipes do mundo (gr.:kojmokra)toras). Esta expressão significa “governante mundial”; foi usada por Paulo para descrever a ação dos demônios sobre a esfera da existência humana; (3)  Forças espirituais do mal (gr.: pro)j ta) pneumatika) te@j poneri)aj).  Esta expressão indica uma força opositora ao bem. Uma espécie de exército do mal; (4) Regiões celestiais (gr. e)pourani)oij). Esse termo é usado por Paulo cinco vezes na carta aos Efésios. Denota a esfera espiritual em que os espíritos, maus ou bons, operam.

Analisando estes termos, podemos ver que o diabo é ordenado, possuindo hierarquia entre os seus subordinados, e atua, nas regiões espirituais, influenciando as nações.  Porém, a partir deste texto, não podemos ter a crença na territorialidade dos demônios.  O próprio Peter Wagner comenta sobre este texto em seu livro “Oração de Guerra”:

 

“Coisa alguma, neste versículo, indica que uma ou mais dessas categorias ajustam-se à descrição de espíritos territoriais.” 16

 

Analisando, sinceramente, estes textos e observando a crítica que fazem alguns autores sobre o assunto, podemos concluir que apenas o texto de Daniel 10:13,20, expressa o pensamento na existência de um espírito maligno influenciando cada nação; portanto, torna-se perigoso basearmos toda uma doutrina em apenas um texto.

No entanto, não podemos ignorar a existência do texto de Dn 10: 13,20; por isso, não rejeitamos a idéia do Movimento de Batalha Espiritual de que cada nação é influenciada por um espírito maligno.  Nossa opinião pessoal é que realmente os demônios são ordenados ( e todos os textos acima estudados expressão isso) ao ponto de organizarem-se em distritos, influenciando a cada nação.  Todavia, o nosso conhecimento sobre a organização distrital dos demônios para por aqui, por que a Bíblia não nos fala mais sobre o assunto; por isso, qualquer informação a mais sobre isso seria mera especulação.

 

2.2.3 A Terra é de Satanás

De acordo com os ensinos do movimento de Batalha Espiritual, a administração e governo terrenos pertencem a Satanás.  Isso deveu-se ao pecado de Adão. Ao primeiro homem foi dada administração e governo sobre a criação; no entanto, ele, quando pecou, entregou a autoridade ao diabo.  Decorrente disto, o diabo tem controle sobre os governos, e Deus não interfere nisso, por questões éticas e legais.  Satanás tem todo o direito legal de administrar o sistema terreno, e Deus romperia com a ética se interferisse nesse direito.  Foi por isso que Jesus veio, para devolver o direito ao homem de governar.  A partir de Jesus, portanto, temos a autoridade de governar sobre a criação.

Para apoiar essa idéia, citam-se textos como Mt 4:8,9 e 2 Co 4:4.

Quando nos voltamos para a Bíblia e nos deparamos com Deus julgando  a humanidade através do dilúvio Gn 6:11-26, com textos como Sl 24:1: "Do Senhor é a terra e sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”... - Como abraçar a idéia de que Satanás é governante da terra e concorrente de Deus?  Quando nos deparamos com Sl 50:10-12: “...meu é todo o animal da selva e as alimárias sobre milhares de montanhas.  Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo... pois meu é o mundo e a sua plenitude.” e Dn 2:21: “...é Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis.” -  Que fazemos com eles?

No Livro do profeta Isaías ficamos vislumbrados em saber que Deus usou o rei da Assíria para julgar a Israel e depois também julga à Assíria, Is 10:5-12. Em I Sm 2:6,7, encontramos Ana orando da seguinte forma: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir.  O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta”.  O salmista inspirado, declara em Sl 103:19 : “Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.” (grifo meu)

Deus é soberano e governa sobre todas as coisas, inclusive sobre o diabo. Porventura diante destes textos encontramos alguma coisa que sobrou para Satanás governar?  Tenho certeza que não.

No entanto o que fazer com textos bíblicos que dizem que satanás é o deus deste mundo? A fim de responder esta pergunta, precisamos nos perguntar que “mundo” que é este. Russell Shedd nos da um esclarecimento sobre isto:  

“...trata do sistema de valores alienado de Deus, que orienta o pensamento dos homens em oposição a Ele. Assim, o kosmos jaz no maligno ( o diabo, 1 Jo 5:19; cf. Jo 12:31; 14:30). As trevas dominam este mundo (Jo1:5; 12:46) e o pecado macula sua existência como um todo.” 17

Por isso não nos estranha Jesus e Paulo atribuírem este título a Satanás. Ele é o deus de um mundo pecaminoso e que se nega a submeter ao único Deus.

E é exatamente disso que se refere os textos de Mt 4:8, 2 Co 4:4 e outros. No entanto, é necessário notarmos que inclusive sobre o mundo pecaminoso Deus é soberano.  No sentido de delimitar a ação maligna.  Vemos isso na crucificação, onde era um ato soberano de Deus para cumprir os seus propósitos, mas também um ato pecaminoso do homem incitado pelo diabo: “sendo este Jesus entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”.( At 2:23).  Erickson comenta sobre o assunto da seguinte forma:

 

“Há várias maneiras pelas quais Deus pode relacionar-se e de fato se relaciona com o pecado: ele pode (1) preveni-lo; (2) permiti-lo; (3) dirigi-lo ou (4) limitá-lo.  Note que em cada caso, Deus não é a causa do pecado humano, mas age em relação a ele.” 18

 

2.2.4 Retaliação 

Segundo o ensino do movimento de Batalha Espiritual, quando o crente ataca estes espíritos territoriais, invadindo sua jurisdição e tentando implantar o Reino de Deus, ele terá problemas.  Estes demônios poderão infernizar a sua vida com doenças, problemas conjugais e toda sorte de males.

C. Peter Wagner diz em seu livro “Oração de guerra”:

“Dóris e eu começamos a ir para as linhas de frente na Argentina, em 1990. Dentro de alguns meses, tivemos a pior desavença em família em quarenta anos de casados, tivemos um problema sério com um de nossos mais chegados intercessores, e Dóris ficou incapacitada por quase cinco meses por motivos de discos vertebrais deslocados, e cirurgia nas costas e em um joelho. Em nossas  mentes, ou nas mentes de outras pessoas envolvidas, que oram por nós, não há o menor sinal de dúvida que essas coisas foram revides diretos da parte dos espíritos que ficaram irritados por termos invadido o seu território.” 19

 

Robson Rodovalho concorda com a idéia de Peter Wagner comentando da seguinte forma:

“Como então, o apóstolo Paulo nos fala da possibilidade de Satanás levar vantagem sobre nós na guerra espiritual? Isto se chama retaliação. Retaliação é quando Satanás tem oportunidade de nos retaliar, de nos contra-atacar. E ele faz isto. Ele usa as oportunidades que encontra para retaliar os filhos de Deus, trazendo, assim, aparente derrota, desânimo, e situações semelhantes.” 20

Este pensamento é uma constante na vida dos participantes do movimento de batalha espiritual.  Por isso, explicasse a constante oração por proteção e o ato “místico” de vestir a armadura espiritual.

Esta preocupação mostra-se evidente nas orações. Em uma apostila sobre Batalha espiritual, a Missão Evangélica Shekinah ensina seus alunos a orar da seguinte forma:

“Eu me cubro com o sangue do Senhor Jesus Cristo para me proteger durante este período de oração...eu me cinjo com a verdade, revisto-me da couraça da justiça, calço as sandálias da paz e coloco o capacete da salvação. Levanto o escudo da fé contra todos os ardentes dardos do inimigo e tomo em minha mão a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, e uso a Tua Palavra contra todas as forças do mal em minha vida” 21

 

2.2.4.1 Retaliação” à luz das Escrituras

Vejamos o que a Bíblia pode nos dizer sobre este assunto.  Na obra missionária de Cristo, o diabo estava presente em alguns momentos da sua vida para fazer com que a sua obra fosse frustrada.  Na tentação do deserto ( Mt 4) – no início do ministério de Jesus -, Satanás  esforçou-se para impedir à Cristo.

Quando Pedro foi usado pelo diabo ( Mt 16:23), vemos Satanás tentando induzir Jesus a se acomodar.  Na cruz, quando Jesus está sendo crucificado ( Mt 27: 33-44), vemos o diabo usando as pessoas que passavam para fazer com que Jesus desistisse do que estava fazendo.

Durante todo o ministério de Cristo aqui na terra, vemos o diabo contra-atacando-o. Notamos isso ocorrer, também, na vida de Paulo.  No ministério paulino em Tessalônica, observa-se a resistência de Satanás à obra que estava sendo feita. As pessoas estavam sendo libertas e salvas.  Muitos judeus creram na Palavra e numerosos gentios deixaram a adoração à ídolos e renderam-se ao Senhor.          No entanto, qual foi o resultado disso?  Uma perseguição levantou-se contra Paulo e os seus companheiros, instigada pelo ódio, inveja e incredulidade dos judeus. Parece, aqui, que Satanás estava usando estes sentimentos da parte dos judeus para retalhar a obra de Deus em Tessalônica.  Foi tão séria a resistência de Satanás contra a obra de Paulo que , este, disse o seguinte em  1 Ts 2:18: “Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho.” Ainda a respeito disso, Ladd comenta:

“Ele é o tentador, que procura, através da aflição, desviar os crentes do Evangelho (I Ts 3:5), obstruir os servos de Deus em seus ministérios (I Ts 2:18), e que cria falsos apóstolos, para perverterem a verdade do Evangelho (II Cor 11:14), que está sempre tentando derrotar o povo de Deus ( Ef 6:11,12,16), e que é até mesmo capaz de praticar seus ataques sob a forma de sofrimentos corporais, aos servos escolhidos de Deus ( II Co 12:7)” 22.

 

MacArthur também nos dá a sua contribuição sobre o assunto: “É evidente, pois, que os crentes não estão imunes à oposição de Satanás; nem é o plano de Deus que estejamos sempre livres de toda a situação má.” 23

De acordo com os textos mencionados acima, cremos que o diabo, realmente, pode reagir ( “retaliar”, ou seja lá como quiserem denominar essa ação satânica) contra a obra missionária do povo de Deus.

Cremos que é evidente que o diabo, tentando se opor à obra de Deus, faça de tudo para que o crente não obtenha sucesso em seu trabalho missionário. Esse “fazer de tudo”,  implica em semear discórdias, desavenças, contendas, enfermidades e tudo o que o diabo costuma fazer.

No entanto, esta resistência é limitada pelo próprio Deus. Satanás não é um ser autônomo que vive independentemente. Muito pelo contrário, ele é um ser limitado que age com limitações impostas pelo próprio Deus. Em Jó 1:12, vemos Deus limitando a ação satânica sobre a vida de um crente: “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do Senhor”.

Também em Lc 22:31, vemos que Satanás precisou pedir permissão para atacar a Pedro: “ Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou  para vos peneirar como trigo.” Em 2 Co 12:7, vemos que o apóstolo Paulo estava acometido de um ataque satânico ( o espinho na carne); porém, este ataque servia aos propósitos soberanos de Deus: “...para que não me ensoberbecesse.”

Sobre isso Michael S. Horton comenta em seu livro “O cristão e a cultura”:

“ Conforme Lutero disse, ’o diabo é o diabo de Deus’, Calvino também argumentava que todas as influências demoníacas e satânicas do mal estavam sob o comando soberano de Deus e estão sob o controle do verdadeiro Soberano do Universo.” 24

 

Penso que Frank Peretti, o Escritor do livro “Este mundo tenebroso”, de acordo com a visão de muitos crentes, deveria passar por muitos problemas, sendo “retaliado” pelo diabo, ao escrever o seu livro, que foi um “despertar” para o mundo espiritual.

No entanto, em uma entrevista dada à revista “Vida Mix”, ele responde à pergunta: “Você enfrentou lutas espirituais ou problemas, enquanto escrevia algum livro?”, da seguinte forma:

 

“Não que eu saiba. Nunca tive uma experiência sobrenatural. Coisas como desânimo, depressão e dúvidas já experimentei; mas não coloco a culpa no diabo. Podem ser problemas hormonais ou coisa parecida. Todo aquele que serve ao Senhor passa por algum tipo de tribulação e os meus problemas são típicos de alguém que se dedica a Deus. Muita gente perguntou se eu fui atacado pelo diabo, enquanto escrevia os livros. Acho que não. Imagino que a maior luta foi quando fiquei saturado com o tema. Era um peso que me deixou desanimado, porque eu não sabia o que iria acontecer. Afinal, o corpo de Cristo vencerá ou não? Veja bem, acabei de assistir o programa do clube 700 na televisão e eles mencionaram o que está acontecendo em uma igreja que, no momento, experimenta um grande avivamento em Pensacola, na Flórida. Eu disse: “Glória a Deus! Até que enfim uma boa notícia.” 25

Podemos concluir dizendo que Satanás se opõe a obra da igreja e anela em destruí-la; no entanto, jamais o faz sem a permissão, limitação e supervisão divina.  O problema é quando nos preocupamos demais no que Satanás nos “aprontará” se fizermos isso ou aquilo para o Reino de Deus.

2.2.5 “Brechas”

Este é um outro ensino amplamente divulgado pelo movimento de batalha espiritual.  De acordo com os pregadores do movimento, “brechas” são pecados que cometemos que, invariavelmente, dão toda a autoridade legal para o diabo agir contra nós.

Robson Rodovalho, em seu livro “Por trás das Bênçãos e maldições”, fala-nos sobre isso:

 

“Quando uma pessoa pratica o pecado, ela abre brecha em sua vida. A proteção espiritual está sendo levantada, e a partir daí as maldições poderão tocá-la. Por exemplo: nós encontramos Satanás dizendo a Deus que não poderia tocar a vida de Jó, pois ele estava protegido por esta sebe... Sempre que uma pessoa peca inconscientemente ou voluntariamente, ela abre uma brecha nesta cerca. Consequentemente, os espíritos maus começam a Ter acesso à vida e ao coração dela. Os espíritos malignos entram aonde foi feita a brecha. Somente o perdão de Deus poderá repará-la.” 26

 

Ainda sobre isso Neuza Itioka comenta:

“Tanto Thomas White como Robert Linthicum confirmam através dos seus escritos que corporativos de uma comunidade cristã local podem se transformar numa abertura para a invasão de principados e potestades que, por sua vez, vão se fortalecer com os mesmos pecados, para se Ter todos os direitos legais para oprimir e definhar a igreja.” 27

Dentro do pensamento do movimento de batalha espiritual, a freqüência de um determinado pecado na vida do crente, do incrédulo, de uma comunidade, cidade, nação, concede ao diabo legalidade para intentar contra aquele que comete o pecado.

 

2.2.5.1 O conceito de “brechas” nas Escrituras

“Não deis lugar ao diabo”(Ef 5:27); “Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.”(2 Co 2:11)

 

A santidade nas Escrituras é algo que é constantemente falado.  A palavra “santo” e seus derivados, aparecem em 464 versículos.  Portanto, é mais que evidente que o crente deve buscar a santidade cada vez mais em sua vida.

No entanto, precisa-se observar a motivação pelo qual deve-se buscar a santificação.  Deve-se buscar a santificação com interesse que o diabo não tenha legalidade sobre a vida, ou deve-se buscar a santificação por amor e temor a Deus?

Creio que a santificação, que é fruto do trabalhar do Espírito santo na vida do crente, tem como fim maior o agradar a Deus. ( Lv 11:44; 19:2; Ef 1:4; Hb 12:14; 1 Ts 4:7)  A santidade trás os benefícios de estar em paz com Deus e consigo mesmo.  Quando as Escrituras escrevem exortando-nos a buscar a  santidade, ela o faz pensando no sucesso do relacionamento entre o homem e um Deus santo e, também, pensando no nosso bem estar.  Quando buscamos a santidade, o fazemos porque amamos o Senhor e não para que o diabo não tenha legalidade.  Quando nossa conduta não está de

acordo com os padrões de Deus para nós, nós temos que nos ver com Deus e não com o diabo.  É por isso que somos exortados a buscar o arrependimento.

Pensemos no pecado de Davi com Bate-Seba ( 2 Sm 11).  Davi adulterou e cometeu homicídio.  Este pecado horrendo trouxe grandes males para Davi, sua família e seu povo.       A partir daí poderíasse dizer que o diabo passou a ter legalidade sobre a vida de Davi?             De forma alguma, a vida de Davi ainda pertencia a Deus e Este o tratou conforme seu pecado:

“Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher... Assim diz o Senhor: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol... E o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera à luz a Davi; e a criança adoeceu gravemente.”  (2 Sm 12: 10, 11, 15)

 

2.3 Seus métodos de guerra 

2.3.1 Mapeamento Espiritual

Um método de guerra usado pelo Movimento de Batalha espiritual é o mapeamento espiritual.  Antes de mais nada, segundo os pregadores do movimento, o evangelista precisa conhecer historicamente, politicamente, socialmente e espiritualmente a região onde vai trabalhar.  Mapeamento Espiritual consiste em estudar a história do lugar onde deseja-se evangelizar e “discernir” a entidade espiritual que atua nesta determinada região.

Seria o estudo da história da região e das características econômicas, políticas, sociais e morais que lhe são próprias.  Em seguida, faz-se uma identificação com o demônio que poderia lhe atribuir estas qualidades.

Peter Wagner diz o seguinte sobre o assunto:

“Uma área relativamente nova da pesquisa e do ministério cristãos, ligada de perto com a questão de nomear as potestades, chama-se “mapeamento espiritual... Trata-se de uma tentativa para ver uma cidade, uma nação ou o mundo inteiro conforme realmente é, e não como parece ser. ” 28

 

Neuza Itioka também fala sobre o assunto da seguinte forma:

“É importante ressaltar que a identificação  dos principados e potestades de alta hierarquia espiritual, não se dá apenas pelo dom espiritual, mas, por analisar as características da cidade, conhecendo a história da sua fundação, do seu desenvolvimento.” 29

No esforço em amarrar, expelir e amordaçar demônios “territoriais”, os pregadores do movimento de batalha espiritual ensinam que devemos procurar saber o nome do demônio que estamos guerreando para que possamos ter mais autoridade sobre ele.

Peter Wagner deixa isso bem claro em seu livro “Oração de guerra”:

“Até onde for possível, os intercessores deveriam buscar saber os nomes, próprios ou funcionais, dos principados distribuídos na cidade como um todo e entre os vários segmentos geográficos, sociais ou culturais da cidade.” 30

O mistério de libertação Shekinah, dando ouvidos a este conselho, em seus cursos de libertação, cita uma lista de nomes de demônios:

“Principados ligados a Satanás: Brumaus, Krucitas ( atrás das cruzes), Ashtoreth ( governa as estrelas), Tremus ( tem subordinado leviathan, governador, aprisionando sob aceano - triângulo das Bermudas), Diana ( idolatria e prostituição- culto a deuses, tem subordinado 3 autoridades mundiais- Damian, Asmodeus e Belzebu), Dagon ( Sacrifício de animais e crianças), Nimrod ( guerreiro que prepara a guerra do Armagedom), Dragon Astrologia- consome a sabedoria dos homens- Anticristo), Syria ( guerreiro como o príncipe do reino da Pérsia de Daniel). Autoridades mundiais: Damian, Asmodeus, Belzebu, Arios, Mengue-Lesh, Nosferasteus. Outros demônios: Amishie ( Costa Rica), Aurius (Protege e leva mensagens a Satanás, como Gabriel faz com Deus), Cumba (África), Izmaichia ( Europa e meio Oeste), Krion ( América Central), Kruonos e Krutofor ( Atacam igrejas que praticam batalha espiritual), Mamom ( riqueza), Sinfiris ( sede de sangue) e Yemanjá (América do sul).” 31

 

Uma certa Magnólia  de Campos Araújo, teve uma revelação que foi escrita por Mátiko Yamashita 32 (Ministério Batalha Espiritual). Nesta revelação ela entrevista uma série de “principados e potestades”. Essa entrevista, segundo ela, foi dada sob juramento.

O primeiro demônio a ser entrevistado foi Lúcifer. Segundo Magnólia, ele tem a aparência de um cabrito preto, vestido de homem, luvas e sapatos, no pescoço aparecem os pêlos de cabrito. Tem chifres pequenos e bigodes, cavanhaques pequenos e finos. Este disse que são sete príncipes negros, e cada um tem nove subordinados, e cada subordinado tem 32 outros subordinados.  Desses 32, 9 são ligados diretamente a ele.

Magnólia perguntou a Lúcifer qual era o príncipe do Brasil. Este, lhe respondeu que atualmente está vago, pois Yemanjá (Aparecida) foi destronada no dia 12 de outubro de 1990. Magnólia perguntou sobre os príncipes de São Paulo e Rio de Janeiro. Lúcifer respondeu-lhe que são o príncipe do inconformismo e o “língua de fogo”, respectivamente.

Um outro demônio entrevistado foi o Minotauro. Segundo as informações do próprio demônio, ele é originado da Grécia antiga. Possui corpo de homem, cabeça de touro, com chifres voltados para o centro da cabeça. Segundo ele mesmo falou, é anjo caído e gênio da destruição.

Um outro entrevistado por Magnólia foi a Yemanjá. As informações a respeito deste demônio não foram dadas por ele mesmo, mas pelo “Pomba-gira”. Yemanjá é um príncipe comandado por Diana e Dionísio. Tem a aparência de mulher, cabelos longos, usa vestido decotado, longo, azul ou branco.

Quem pensa que para por aí, esta enganado. Magnólia “identificou” uma série de outros demônios: Bonzo, Buda, Centauro, Lísipe, Gênio, Fauno Pan Sátiro, Pitonisa de Delfos, Pomba Gira, Espírito de Aborto, Espírito de Bronquites, Benzai-tem ou Benten, Exú Caveira, Xangó e  Espírito de Jezabel.

 

2.3.1.1 O que a Bíblia diz sobre mapeamento Espiritual?

Tento imaginar Paulo escrevendo aos crentes da igreja primitiva a fim de exortá-los a fazer um mapeamento espiritual das cidades onde moravam.  Talvez, invés de Paulo falar sobre justificação pela fé aos Romanos, ele diria para que estes identificassem e combatessem o demônio romano. Quem sabe se Paulo não falasse sobre conduta cristã aos Coríntios, ele falasse sobre como amarrar a potestade que regia aquele lugar?  Imagino Paulo incentivando aos Colossenses a mapear o seu território ao invés de alertá-los contra as influências do judaísmo e gnosticismo.

Éfeso era uma cidade profundamente religiosa. Os efésios adoravam à Diana, a deusa da fertilidade.  Foi construído para ela um templo que durou trinta anos para ser concluído.  No seu término, foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.  A imagem de Diana ficava neste templo, era conhecida e adorada por todos cidadãos daquela cidade.  De acordo com o relato bíblico ( At 19: 1-20), Paulo pregou naquela cidade por três anos. 

Houve tal avivamento decorrente da pregação de Paulo que enfermos traziam peças de roupas para que Paulo as tocasse  a fim de que seus donos fossem curados, os praticantes de artes mágicas , arrependidos, traziam seus livros para que fossem queimados em praça pública. Em Éfeso, Paulo fundou a igreja mais forte do primeiro século.  Tal foi a obra que Deus fez naquela cidade, que o culto a Diana foi perdendo o seu vigor até que em 262 d.C, seu templo foi saqueado e incendiado pelos godos, e fechado pelo édito de Teodósio que fechou todos os templos pagãos.

Qual foi a fórmula de tal sucesso evangelístico?  A Bíblia não diz que Paulo antes de entrar a cidade de Éfeso ficou mapeando-a, tentando identificar o demônio que ali estava. Se isso é tão importante fazer, porque Lucas ao dar o relato histórico não nos da as diretrizes?  Na verdade, Lucas conta-nos o segredo do sucesso: “Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.”(At 19:10) A pregação da Palavra de Deus, eis o segredo do sucesso.

Os pregadores do ensino de mapeamento espiritual argumentam que Paulo mapeou a cidade- ainda que não conste no relato bíblico.  No entanto, imagino que se este fato fosse concreto, esperávamos que Paulo não enfrentasse maiores resistências do povo daquela região, conforme ensina o movimento de batalha espiritual. Porém, de acordo com o relato bíblico (AT 19: 23-41), Paulo enfrentou muita oposição.

Jesus nos ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” (Mt29: 18,19); “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho  a toda criatura”. ( Mc 16:15).  Jesus ao enviar aos doze disse: “... à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.” (Mt 10:7). Quando enviou os setenta, Jesus disse: “Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: a vós outros está próximo o reino de Deus.”(Lc 10:9).  Jesus, em momento algum, nos orienta a mapear regiões, descobrir nomes de demônios e amarrá-los.  Se isso fosse de suma importância para o sucesso evangelístico, Jesus nos teria ordenado fazê-lo.

Paulo Romeiro comenta sobre isso com muita propriedade: “Ora, não se destrona principados e potestades para depois pregar a Palavra de Deus, mas primeiro se prega a Palavra, pois ela, sim, tem o poder para vencer as potestades malignas.” 33

Horton também comenta sobre isso da seguinte forma:

“O Mapeamento espiritual, promulgado por crescente número de missiólogos, tenta identificar ‘pontos quentes’ de atividade demoníaca com o alvo de ‘amarrar’ os opressores malignos da região. Naturalmente, soa como algo saído de um livro medieval de superstições, mas é levado muito a sério por bom número de líderes evangélicos... Naturalmente, as Escrituras não relatam nenhum exemplo de pessoas se salvando antes de ouvir a pregação da
Palavra.” 34

Quero concluir este assunto dizendo que não encontro nas Sagradas Escrituras nenhum respaldo para o ensino de mapeamento espiritual. 

Cabe a nós pregar o evangelho do Cristo ressurrecto a toda criatura, crendo que ele é poderoso para a salvação de todo aquele que nele crê e também para expulsar principados e potestades.

2.3.2 Oração de Guerra

“Oração” todo mundo sabe o que é.  É o modo como o homem chega até Deus (através de Jesus, é claro), em temor, adoração, louvor, petição e comunhão.  No entanto, o que seria oração de guerra?

Chegamos ao cerne da doutrina do Movimento de Batalha Espiritual.  Este é o centro, a essência de toda a sua teologia.  Todas as demais coisas giram em torno do seu conceito de como fazer guerra a Satanás.

De acordo com os propagadores do Movimento de Batalha Espiritual, existem três níveis de guerra espiritual: (1) O nível solo- que seria a expulsão de demônios; (2) O nível de ocultismo- que seria o confronto a atividades demoníacas expressas em seitas ocultistas; (3) O nível estratégico- que é a guerra que se faz a espíritos territoriais.

A oração de guerra é feita neste último nível, o nível estratégico.  Consiste em identificar os poderes espirituais malévolos atuantes em um determinado lugar e expulsá-los. Como expulsá-los? Ordenando que o façam, declarando, determinando, impedindo os seus atos através da palavra falada.

Neuza Itioka, em seu livro “A igreja e a Batalha Espiritual”, comenta sobre o assunto:

“ Exercer autoridade sobre os demônios significa, não apenas expulsar demônios das pessoas oprimidas, mas, também, exercer autoridade sobre as forças do mal que têm domínio e controle sobre os pecados e vícios, tais como materialismo, violência, sensualidade, miséria e injustiça social bem como resistir e destronar principados e potestades que tem jurisdição sobre áreas geográficas.” 35

Cesar Augusto em seu livro “Guerra Espiritual”, também fala algo semelhante:

“Quando estamos guerreando contra as forças das trevas, sejam dominadores de enfermidades, homossexualismo ou drogas, necessitamos da declaração contra esses demônios, pois através dela, podemos alcançar a vitória.

Há momentos na luta espiritual, que não necessitamos mais de uma oração intercessória e sim usar a autoridade que o Senhor nos deu e declarar a vitória através do nome do Senhor. A declaração ordenativa muda situações e ambientes e nos da a vitória.” 36

 

De acordo com o ensino do movimento de batalha espiritual, a oração de guerra é a chave para o sucesso da evangelização.  A evangelização só pode ocorrer se antes repreendermos, amarrarmos e expulsarmos o “homem forte” que domina no lugar onde evangelizarmos.   Tal é a seriedade que este princípio é apregoado que é também chamado de “evangelismo de oração”. 

Peter Wagner, em seu livro “Oração de Guerra”, comentando sobre o assunto faz uma citação de outro proeminente pregador da oração de guerra:

“Edgardo Silvoso, assevera que Annacondia e outros proeminentes evangelistas argentinos incorporam em seu trabalho evangelístico uma nova ênfase sobre a guerra espiritual- o desafio aos principados e potestades, bem como a proclamação do Evangelho ao povo, mas também aos carcereiros espirituais que conservam as pessoas cativas. A oração é a variável principal, de acordo com Silvoso. Os evangelistas começam a orar pelas cidades, antes de proclamarem o evangelho ali. E somente depois de sentirem que os poderes espirituais que dominam uma região foram amarrados, é que eles começam a pregar.” 37

Em seu livro “Que nenhum pereça”, Ed Silvoso, sugere uma estratégia de guerra espiritual que consiste em seis passos. No quinto passo, ele aconselha aos leitores da seguinte forma: “Dê início ao ‘assalto total’. Dê início a ‘conquista’ espiritual da cidade, confrontando, amarrando, e expelindo os poderes espirituais que governam a região.” 38

Neuza Itioka, em um curso sobre Batalha Espiritual também da uma estratégia de oração de guerra:

“(1) Louvando e entronizando ao Senhor, declarando o seu senhorio; (2) confessando os pecados da cidade ou da nação; (3) Pedindo perdão por elas; (4) Identificando os demônios e os príncipes; (5) Amordaçando, amarrando, imobilizando e destronando; (6) Agradecendo a vitória do Senhor; (7) Pedindo que Jesus Cristo venha agir.” 39

 

Em uma apostila sobre libertação e cura interior, a Missão evangélica “Shekinah” nos oferece um modelo de oração de guerra:“...Satanás, eu te ordeno, em nome do Senhor Jesus Cristo, que saias da minha presença com todos os teus demônios e eu coloco o sangue do Senhor Jesus Cristo entre nós.” 40

Diante de tais ensinos, as seguintes perguntas nos atiça a curiosidade: Até que ponto tudo isso é bíblico?  Será mesmo que a Bíblia nos ensina a identificar demônios, nas regiões celestiais, e expulsá-los?  Será que a forma de Batalha Espiritual nas Escrituras é a oração de Guerra?

 

2.3.2.1 “Oração” de guerra à luz das Escrituras

A fim de analisar se é bíblico o conceito de repreender potestades e principados, vejamos alguns casos, nas Escrituras, em que o ser humano foi diretamente ou indiretamente atacado por forças malignas. 

Primeiro vejamos o caso de Jó.  Deus havia dado permissão a Satanás para tocar na vida de Jó: “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão.  E Satanás saiu da presença do Senhor.”( Jó 1:12).  Decorrente da permissão de Deus, Satanás tirou de Jó bens, família e saúde.  No entanto, em nenhum momento vemos Jó dirigindo-se a Satanás e dizendo: “Satanás, você está manietado, amarrado, amordaçado, eu te ordeno que saias da minha vida.”.

Muito pelo contrário, em Jó 1: 21b, nós vemos a incrível declaração deste homem de Deus: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.”  Talvez pensemos que Jó estava errado ao dizer isso, porém, no versículo seguinte, o testemunho bíblico comenta a respeito: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”

Também podemos ver o caso de Daniel.  Em Dn 10, diz que Daniel estava intercedendo a Deus quando o anjo do Senhor apresentou-se a ele e, nos versículos 12 e 13, explicou o que estava acontecendo:

“...Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me  resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiro príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”

 

Observe que revelação estupenda foi dada a Daniel- Já vimos que este texto realmente se refere a espíritos territoriais-.  Estava havendo uma guerra angelical no reino espiritual.  E desta batalha dependia a resposta da oração.  Pensemos no que Daniel fez. Será que ele fez “oração de guerra”?  Talvez ele tenha ordenado ao espírito maligno da Pérsia que saltasse o anjo.  Quem sabe ele não manietou o espírito para poder fortalecer o anjo que estava em apuros?  Talvez ele tenha ordenado que Miguel viesse acudir o seu amigo.  Não, absolutamente, não. Daniel nem sabia o que estava acontecendo.  Ele simplesmente perseverou em oração a Deus, em intercessão, em súplicas diante de Deus.

Também podemos pensar sobre a estratégia missionária de Paulo.  Em sua primeira viagem missionária, Paulo viajou juntamente com Barnabé e João. Ele iria passar por cidades como Salamina, Pafos, Perge, Listra, Antioquia da Pisídia, Icônio e Derbe.  Nestes lugares, eles iriam ter que enfrentar um mago, pregar para os incrédulos, passar por perseguições, curar um coxo, enfrentar uma multidão que queria sacrificar-lhes e serem apedrejados.

Diante de tantos acontecimentos que estavam por vir, nada melhor do que manietar, amarrar, destituir o diabo. Eles tinham- segundo o pensamento do movimento de Batalha espiritual- que Ter, primeiro, amarrado o principado de cada cidade a se visitar  e depois disso pregar as boas novas.  Com certeza, eles não teriam, se assim o fizessem, que enfrentar perseguições, e a pregação do evangelho seria mais fácil.

No entanto não foi isso que aconteceu.  O Espirito Santo separou a Barnabé e Paulo para esta viagem missionária (At 13: 2).  O versículo posterior mostra o que eles fizeram antes de enviar a Barnabé e Paulo: “Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram.” Aí não diz que eles fizeram “oração de guerra”.  Não diz que eles primeiro amarraram os demônios das cidades que estavam por passar.  Simplesmente fizeram o que se espera de todo homem e mulher de Deus: Jejuaram e oraram a Deus e receberam a bênção daqueles que os estavam enviando.

Outro caso que merece a nossa atenção é quando Paulo quis ir visitar os crentes tessalônicos.  Em 1 Ts 2:18, diz: “Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho.” Vejamos bem. Paulo iria à igreja para fazer a obra de Deus; no entanto Satanás lhe barrou o caminho.

Daí segue-se a pergunta: porque que Paulo - o apóstolo, o homem que revolucionou o mundo de então com o evangelho, o homem que Deus confiou as revelações- não, simplesmente, amarrou o diabo? Seria simples, somente bastava manietar aquele principado de Tessalônica.

Tenho respeito por aqueles que pregam a idéia da “oração de guerra”. No entanto, não vejo apoio bíblico para tal prática.  Muito pelo contrário.  Judas, irmão de Jesus, ao escrever sua carta e repreender àqueles que estavam agindo com arrogância, disse

“Mas quando o arcanjo Miguel, discutindo com o diabo, disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda.” Jd 9

 

Penso que este texto clama àqueles que vivem a identificar espíritos e repreendê-los. Champlin, comenta:  

“Miguel deixou nas mãos de Deus o ‘repreender’ a Satanás. Somente Deus pode fazer isso. Assim os gnósticos supunham um poder tão alto que fazia o que somente deus pode fazer. A lição geral deste versículo é que devemos Ter respeito por elevadas autoridades e poderes espirituais. Devemos respeitar o invisível. Isso repreende tanto o ceticismo como a doutrina falsa.” 41

 

Sobre a oração de guerra, MacArthur comenta:

“Não podemos lutar no nível humano. Não há palavras ou técnicas carnais que possam vencer uma guerra espiritual. Devemos depender de um plano e de armas espirituais para a batalha. Nossa suficiência em Cristo inclui armas que são divinamente poderosas, as quais podem destruir as fortalezas do mundo dos espíritos e todos seus pensamentos altivos que se levantam contra o conhecimento de Deus. Quais são essas armas? Elas não são frases místicas ou chavões. Não fornecem o poder de repreender ou dar ordens aos demônios. Não há coisa alguma secreta ou misteriosa a respeito destas armas. Elas não são astuciosas ou complicadas.” 42

Ainda falando sobre a oração de guerra, Ricardo Gondin comenta:

“A expulsão de demônios de uma área geográfica parece muito mais uma ação que acontece através de um avivamento da igreja que avança com seu poder de influenciar e converter pessoas e sociedades, que uma ordem que se dê aos principados e potestades.” 43

 

Por fim, não acredito que expulsar espíritos territoriais através da ordenança seja uma prática eficiente,  pois não é bíblica. Entre as armas do crente contra Satanás não se encontra o “ordenar”.

 

2.3.3 Quebra de Maldição

Um outro método de batalha espiritual, amplamente ensinado, é o de quebra de maldição. Aqui no Brasil os mestres desta doutrina são: Robson Rodovalho, Neuza Itioka, Jorge Linhares, Missão Evangélica Shekinah, entre outros.

De acordo com os mestres da doutrina de maldição hereditária, “maldição” são sofrimentos ( mortes prematuras na família, contínuo dividendo financeiro, abortos constantes, separações conjugais, etc.) que afligem as pessoas, ou lugares, ocasionados por “pragas” lançadas por meio de palavras, ou pecados cometidos pelas pessoas ou lugares. Estas aflições repetem-se ao longo da descendência do indivíduo, ou lugar, pela gerência de espíritos maus. Assim, no futuro, será praticado o mesmo pecado que foi praticado no passado e haverá os mesmos sofrimentos que houveram no passado.

Rebecca Brown define maldição da maneira como se segue:

“Muitos cristãos freqüentam a igreja com regularidade e es­forçam-se de todo o coração para terem uma vida piedosa. Entre­tanto, a despeito de todos os seus melhores esforços, tudo parece não dar certo. Não importa quanto se esforcem, ou quanto aconselhamento recebam, parece que nada funciona. Por exemplo, com que freqüência a gente ouve alguém fazer um comentário como este: “A minha vida ia indo muito bem até o dia em que aceitei Jesus Cristo. Então tudo passou a não dar certo!” Pode até ser que você mesmo tenha declarado algo assim!

Alguns cristãos não conseguem entender por que, apesar de tudo o que fazem, seus filhos viram-se contra eles e contra Deus e caminham pela vereda da destruição. Outros crentes, que aceita­ram o Senhor com alegria, cresceram espiritualmente por algum tempo, e então descobriram não terem condições de manter um relacionamento chegado com o Senhor. Sentem-se sem condições de ler e estudar a Bíblia ou de orar, e acabam perdendo o interesse, e vão de mal a pior. Outros ainda lutam durante toda a vida, num andar ora de novo com o Senhor, ora longe do Senhor, não conse­guindo estabelecer e manter um permanente andar com ele.

Tais problemas afetam igrejas inteiras, assim como a vida de pessoas em particular. Muitas igrejas caracterizam-se por nelas ocor­rerem muitos divórcios e outros problemas dessa ordem em sua membresia. Muitas lutam por anos mas nunca prosperam nem cres­cem espiritualmente. Com freqüência se dividem e mudam sempre de pastor. Mesmo quando parece que passam por um período de avivamento e de crescimento, logo tudo se perde: muitos membros saem, e a igreja acaba voltando à condição em que estava antes. Por que esse ciclo destrutivo ocorre?

Tais situações desencorajadoras podem resultar de vários fa­tores diferentes, mas uma razão, que normalmente é desapercebi­da, é haver uma maldição na vida de alguém, ou em sua família, que nunca foi quebrada. Muitas igrejas estão também debaixo de maldições. Esta é uma área que tem sido muito negligenciada no ensino cristão hoje em dia.” 44

Neuza Itioka, por sua vez, cita alguns casos que são tidos como maldição:

 

“Sinais possíveis de maldições na Família: repetidas depressões emocionais, repetidas doenças crônicas, repetidos abortos, repetidos divórcios e separações, repetidos alcoolismo, incapacidade de se engravidar, contínua falta financeira, repetidas mortes prematuras, repetidas infidelidades, imoralidades e perversidades sexuais, predisposição para desastre, maldição de guerra.”45

 

2.3.3.1 A hereditariedade

 

Essa maldição  pode ser hereditária; i, é, os sofrimentos acometidos pela maldição podem passar de pai para filho. “Elas podem ser herdadas [...] Passadas de geração a geração.”46 Assim, más ações dos antepassados podem ter um efeito mortal em nossas vidas.  “Existe uma transmissão de heranças espirituais das gerações passadas, para nós.”47Não somente os sofrimentos, mas também os pecados podem ser transmitidos. Desta maneira, se uma mulher é prostituta, sua filha também, e, sua neta, tem tendências imorais, com certeza há uma maldição nesta família que está sendo passada de pai para filho.

Vários exemplos são citados para ilustrar esta idéia. As constantes guerras entre tribos no continente africano é um desses exemplos. Segundo a doutrina de maldição hereditária, as guerras na África são conseqüências de pecados de adoração a demônios, ódio e massacres e

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